Sou professora do GAP desde 2007 e confesso que esses anos foram de grande aprendizado para minha vivência profissional e pessoal. Com certeza, tornei-me uma professora melhor quando comecei a trabalhar com crianças que apresentam algum tipo de dificuldade na alfabetização e além disso, muitas apresentam também auto estima baixa e não contam com o acompanhamento da família. Ficava muito preocupada com tantos problemas para administrar, mas nunca desisti.
Poderia relatar aqui, vários casos interessantes que acompanhei, mas um caso em especial me chamou muita atenção e me realizou profissionalmente .Um aluno do 5º ano foi matriculado no GAP em 2010, mas raramente frequentava as aulas e quando comparecia, estava sempre disperso e aparentemente desinteressado. Sentia-se incapaz e muitas vezes nem tentava realizar as atividades propostas, ou seja não confiava em seu potencial. Ao final do ano letivo foi retido e em 2011 novamente foi encaminhado ao Grupo de Apoio. Senti que algo deveria ser feito a essa criança e então, no inicio do ano tivemos uma conversa particular, onde o garoto expôs seus anseios e dificuldades. Prometi ajudá-lo, mas fizemos um acordo de que ele não poderia faltar às aulas.Comecei então, o trabalho com as letras do alfabeto e a seguir , as atividades relacionadas ao método fônico foram introduzidas, ou seja, iniciei um trabalho que consiste no aprendizado através da associação entre fonemas e grafemas , permitindo ao aluno descobrir o princípio alfabético e progressivamente dominar o conhecimento ortográfico próprio da sua língua, através de atividades preparadas para essa finalidade.
Em três meses, o aluno já estava lendo e escrevendo palavras de sílabas simples e mostrava-se cada vez mais interessado e feliz. Passou a ter auto- confiança e a sentir-se preparado para enfrentar os desafios que encontrava a cada dia. Realmente, cumpriu o combinado, passou a ser um aluno assíduo e pontual e começou a ajudar os colegas mais novos que pass avam pelas mesmas dificuldades. Percebi que ele sentia-se responsável pelos companheiros do grupo, já que era o mais velho e já começava a entender o processo de leitura e escrita.
Atualmente, sete meses depois do inicio das aulas do GAP , o garoto de doze anos aprendeu a ler e já escreve listas, textos de memória e produz pequenos textos de próprio punho.
Fiquei muito feliz por ter a oportunidade de participar deste processo e de ter presenciado o brilho em seus olhos a cada conquista. Histórias como essas, nos fazem acreditar que apesar de todas as dificuldades que o professor enfrenta, vale a pena continuar...
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