Sou professora de Educação Infantil a 25 anos, adorava trabalhar com o antigo “Pré”, como alfabetizadora. Cheguei ao G.A.P. no inicio de 2010, e muitas das minhas certezas, enquanto educadora, tipicamente construtivista, foram abaladas.
Como entender que nem todos constroem a escrita da mesma forma? Que a alegria de ver um aluno silábico-alfabético ou até mesmo alfabético na Educação Infantil, torna-se um sentimento angustiante, quando um aluno está no 3º Ano e permanece com as mesmas hipóteses de escrita. Seria dificuldade de aprendizagem, falta de informação sobre questões ortográficas, ou metodologia inadequada?
Com o passar do tempo, percebi que não existe um fator específico, que muitas são as causas e que o desafio deste trabalho, é procurar oportunizar a todos o direito ao conhecimento da língua escrita.
Portanto descrever um aluno do G.A.P., com uma trajetória de aprendizagem interessante, para mim torna-se uma tarefa difícil, pois aprendi no decorrer destes dois anos, a olhar cada criança de uma forma especial.
“N” frequenta o projeto a dois anos, mora num orfanato, é inquieta, curiosa e carinhosa, não conhecia o alfabeto, hoje apesar de seus repentes de “viagem astral”, lê decodificando e escreve quase de forma ortográfica. “P” não para quieto, seus olhos movimentam-se quase tão rapidamente quanto seu corpo, tem baixa autoestima, dificuldade em entender sua vida, um tanto complicada para alguém que tem apenas oito anos, entretanto no grupo, sente-se entre iguais e através de algumas recompensas esforça-se para se tornar um bom aluno. “L”, iniciou este ano, mal conhecendo o alfabeto, pouquíssima concentração, mas ótima retórica, uma inteligência emocional bem desenvolvida, identificou-se com o método fônico e um dia falou: “- Ah, agora “tô” entendendo, porque minha professora não explicou assim antes”. Sem falar em “W”, tem baixa visão, muito desatento e que apresentou uma boa evolução, quando começou a participar também de um grupo diferenciado, onde as atividades são mais lúdicas, manuais e corporais, só então internalizou o alfabeto e evoluiu na construção da escrita.
Enfim, poderia comentar um pouquinho de cada criança que frequenta ou frequentou o G.A.P., pois todos deixaram sua marca e me sinto completamente grata, pela oportunidade que me deram de voltar a sentir prazer em ser educadora e a me tornar uma pessoa melhor.
Acho que aprendi muito mais com os alunos, com o trabalho e com a orientação oferecida pela Divaní, do que propriamente os alunos aprenderam comigo; pois foi conhecendo as habilidades e identificando o estilo de aprendizagem de cada um, que o trabalho foi sendo organizado e reestruturado, a fim de que todos pudessem ter acesso à linguagem escrita.
Gostaria de descrever duas aulas que foram interessantes e produtivas, pois apesar de muito simples, conseguiram atrair e atingir crianças que apresentam dificuldades:
Atividade 1 – Sapo
Justificativa: Através de uma atividade lúdica, garantir que os alunos internalizem a ortografia do S e do P.
Objetivos: - Memória;
- Ortografia de palavras com S e P.
Conteúdo: Ortografia
Etapas previstas: - Fazer a dobradura do sapo (fantoche);
- Cantar músicas referentes ao tema;
- Escrita coletiva na lousa de palavras com S e P;
- Copiar as palavras numa tira de papel que se transformou na língua do sapo;
- Leitura individual da lista;
- Levar para casa e estudar para ditado;
- Ditado interativo das palavras e da música preferida.
*O ditado foi um sucesso!
Atividade 2 – Alfabeto
Justificativa: Através de modelagem, letras móveis e brincadeiras fazer com que os alunos internalizem o alfabeto.
Objetivo: Garantir que os alunos memorizem o alfabeto para que possam evoluir em suas hipóteses de escrita.
Conteúdo: Alfabeto.
Etapas previstas: - Cada aluno recebeu uma ficha em papel cartão com o alfabeto;
- Cantar a música do alfabeto (“bichonário”), acompanhando com o dedo;
- Escrita coletiva na lousa do nome de alguns animais do “bichonário”;
- Modelagem das letras sobre o papel;
- Leitura individual do alfabeto (sequência aleatóriamente, e trás para frente.
*Na próxima aula continuaram o trabalho com letras móveis, montando sequência e escrevendo em dupla.
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